quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Lembranças do Rio de Janeiro - 1835



Tudo aquilo que se refere à capoeira anteriormente aos grandes ícones Pastinha e Bimba está envolto de mistério. No século XIX, cidades como Rio de Janeiro e Salvador estavam repletos de escravos vindo de África e seus afrodescendentes, e o que parece, não passavam despercebidas do olhar de muitos artistas e naturalistas estrangeiros que aqui aportaram depois da chegada de D. João e a família real em 1808. Como nova sede do Império Português, alguns anos depois desse episódio, toda uma estrutura foi montada para acolher a realeza europeia em terras tropicais  Pelas mãos de D. João, foi criado o Jardim Botânico, o Banco do Brasil, por exemplo. Num outro contexto, no processo de independência e na consolidação do estado-nação brasileiro outras iniciativas foram tomadas pelo seu filho e pelo seu neto (D. Pedro I e D. Pedro II). Aqui, focaremos na fundação da litografia do Imperador.


Neste post apresentamos um desenho de Victo Barrat do Largo do Paço, uma das 12 litogravuras publicadas em 1835 no álbum Sollvellirs de Rio de Janeiro (Lembranças do Rio de Janeiro) por Johann Jacob Steinmann, a partir de desenhos de Kretschmar, de Victo Barrat e dos registros do próprio Steinmann. Infelizmente sobre o autor do desenho que vamos explorar não encontramos nada, por isso vamos comentar sobre o organizador do álbum.


Johann Jacob Steinmann (Basel, Suíça, 17 de setembro de 1800 – Basel, 20 de junho de 1844) foi contratado para atuar no Brasil, e veio para o Rio de Janeiro em 1824, como litógrafo do Imperador D. Pedro I, subordinado ao Arquivo e Academia Militar. Trabalhou durante cinco anos litografando mapas e outros impressos para o Arquivo Militar, impressora cartográfica oficial do Primeiro Império e, em 1830, estabeleceu oficina própria de cujas prensas se conhecem alguns mapas e folhas volantes de costumes e tipos populares do Rio de Janeiro.




O que nos interessa é o desenho de Victor Barrat, ou melhor, um pequeno detalhe nele, que é um indicia da prática da capoeira no início do século XIX. O que se representa no desenho é a área do Paço Imperial, prédio construído entre 1733 e 1743 e que foi residência do governador e Vice-rei durante o século XVIII e de D. João e seus descendentes (D. Pedro I e D. Pedro II) após o episódio de 1808.

Essa área reunia grande quantidade de pessoas se configurando como o centro político de todo o século XIX (Capital do Império). Passavam por ali barqueiros (a grande maioria de escravos) que transportavam pessoas e mercadorias; transporte regular de carruagens para a elite da época; o comércio de escravos também era realizado nas proximidades, na região conhecida como “Valongo”; estava presente ainda um grande contingente militar. Outro local dos arredores com grande concentração de pessoas (em sua grande maioria escravos) era o chafariz (da Junta de Comércio e do Mestre Valentim). Ali ocorriam atividades de comércio e encontro sociais. Do desenho percebe-se a presença de ambulantes e de escravos na atividade de buscar água. Além, é claro, de capoeiras como mostra o detalhe.




2 comentários:

  1. Que maravilha meu amigo! é isso Cultura na galera!!! é disso que a gente preciza...

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  2. Obrigado Mestre, mas com certeza sou eu quem está aprendendo mais!
    abraço;

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